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Loja "120 da Branca" pretende atrair jovens amantes de desportos radicais
Pegas, sinaléctica vária, uma campainha de stop e respectivo sinal de paragem, bancos e portas. Três autocarros dos Transportes Urbanos de Braga estavam em vias de entrar no processo irreversível da sucata quando três amigos decidiram parar o processo para ficar com os veículos.
"Numa época de crise, abrir uma loja requer algum cuidado e imaginação. Por isso, o conceito "low cost" esteve na base desta loja", começa por dizer Tiago Cruz, que com André Morais e Marcos Morais abriram, em Maio de
Associada aos desportos radicais e urbanos, está estrategicamente situada na zona de passagem do seu público: os estudantes. "Todas as principais escolas da cidade estão na nossa área de influência. Ou porque vão para o centro ou porque vão para a escola, a grande maioria passa aqui na rua". Localizada no número 120 do Largo Srª-a-Branca, em Braga, a loja tomou o espaço de uma antiga casa de fotocópias. Antigas coelheiras e galinheiros servem de mostradores e o próprio provador é vedado por uma lona amarela. Os sacos são de papel e as caixas das sapatilhas forradas com banda desenhada que têm como destino final o recipiente amarelo da reciclagem.
"Não queremos massificar e por isso optamos por uma rua que não é muito central. Até a falta de estacionamento não é problema porque o nosso público anda essencialmente a pé". Na parte mais interior do espaço há uma zona onde é possível ver televisão e jogar playstation. "Decidimos abrir uma loja apenas por gozo porque cada uma de nós tem a sua própria profissão, um é professor, outro é engenheiro civil e outro biólogo". A verdade é que o espírito é essencialmente masculino porque como confessa Tiago "é difícil escolher para mulher até porque teríamos que ter uma diversidade maior".
Um dado importante é que a "120 da Branca" é uma das partes de um projecto mais alargado chamado de "Officina d'aventuras" (ver caixa). "Este projecto foi pensado para que a prestação de serviços nas áreas do desporto aventura e turismo activo pudesse funcionar em sinergia com o comércio a retalho. Um dos slogans dá conta que "não é a posição sobre a tábua que identifica skaters e surfistas, mas sim a busca de flow. Deslizar-se pela vida com graça, com estilo e respeito. Sem chamar a atenção, sem fazer ondas ou provocar feridas, sem encontrões, fazendo com que tudo pareça fácil".
Não é de uma loja qualquer que se trata, quem ali entrar rapidamente se apercebe tratar-se de um projecto com imaginação, que assenta especialmente num novo conceito de reutilização de materiais recolhidos da sucata.
O projecto surgiu de uma parceria com os TUB (Transportes Urbanos de Braga). Através dessa parceria, a empresa municipal bracarense disponibilizou material de autocarros que estaria destinado a perder-se, definitivamente, na sucata.
Postos à vontade pela administração dos TUB para a reutilização desse material, o projecto de prestação de serviços nas áreas do desporto aventura e turismo activo, natureza, lazer, consultadoria, campos de férias, skate camps, formação em todas as áreas, programação de viagens para construção e dinamização de parques de aventura, a funcionar em sinergia com o comércio a retalho de artigos ligados também às actividades desportivas como surf, skate e street wear.
Deste modo, quando se penetra no espaço da nova loja vê-se logo que a sua decoração reside no aproveitamento do material que fazia parte do interior dos autocarros: as armações, os porta-bagagens, o circuito de sinalização, os bancos e agarras de pele.
Da recuperação dos bidões de óleo dos TUB fizeram-se candeeiros e há caixas embutidas que, depois de convenientemente tratadas e desenhadas, contam agora histórias em banda desenhada, em expositores para calçado.
Ao fundo da sala criou-se um espaço onde as pessoas podem ter o seu espaço para a leitura, imagem, dvd’s, musica e experimentar ou evoluir a sua arte em graffiti.
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